terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mesquinharias e coisas afins

Todo mundo (não) conhece alguém assim
Esse mundo só não é pior porque é uma bola; acho que se fossem duas seria um saco. Ainda assim ele está repleto de maldades e mesquinharias. Aos mais desavisados, mesquinho, segundo o dicionário Michaelis, é alguém “sem qualidades de grandeza”. Ou o “cavalo que não deixa pegar na cabeça, especialmente nas orelhas, por isso é difícil pôr-lhe o cabresto, buçal ou freio”, o que me lembra que certas vezes me dá medo consultar o dicionário.

Concentremos-nos nas pessoas “sem qualidades de grandeza”. Elas existem aos montes. Estão constantemente preocupadas com a etiqueta da roupa, o veículo na garagem e o tamanho da casa. É o maldito status. Status, como já se definiu há um bom tempo, é comprar aquilo que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para mostrar às pessoas que você não gosta alguém que você não é. Status, segundo o dicionário Michaelis, é uma merda.

Vejo muitas pessoas vazias caminhando por este mundo, e acredito que o termo não é facilmente compreendido. Uma vez joguei na cara de um gordinho que ele era uma pessoa vazia. Ficou feliz. No mesmo dia largou a dieta e voltou a comer McDonald’s com Coca-Cola. Antes ele só comia o McDonald’s.

Big Big Mac
Uma pessoa vazia, no meu entendimento, é alguém que não está em busca de ser o melhor que pode ser; está em busca de ser melhor do que os outros, de fato, são. Inveja. O grande problema deste modo de se viver é que não apenas o sucesso pessoal é valorizado, mas também o fracasso alheio: “se minha casa não pode ser maior que a do vizinho, que bom que a dele desmoronou”, refletia o gordinho com o Big Mac na mão...

Parabéns pelo corte de gastos, chefe!
Não viva assim. Já tem gente demais perdendo tempo ao lado de pessoas de que não gosta realmente para alimentar algum interesse banal. São sujeitos sempre dispostos a dar tapinha nas costas do chefe e falar mal dele na hora do café para os colegas. São indivíduos que fazem amizade com um cara porque ele é amigo de uma garota que é prima de alguém que conhece um produtor que pode elevar a sua carreira – ou seu status... Crie laços que verdadeiramente sejam prazerosos de se manter. Por afeto, não por conveniência.

Essa levou muito golpe de barriga para dar golpe da barriga...
E se amizade por interesse já é terrível, ainda tem algo pior: relacionamento por interesse. Há quem acredite que subir na vida é “dar para o homem certo”, e faça disto uma meta. São prostitutas de luxo. E pior do que quem aplica, é quem cai no velho golpe da barriga, mais antigo até que o do bilhete premiado. Existem velhos ricaços, devidamente carecas e pançudos, que creem no amor verdadeiro de siliconadas garotas de 25 anos sem restrições sexuais. Como também há milhares de endinheiradas mulheres com idade avançada que acredita ser possível existir um jovem mancebo sedento por, veja só, carinho e sexo com idosas.

Além do relacionamento por interesse financeiro, há outra modalidade – tão mesquinha quanto – que se baseia na carência. Esta palavra é constantemente usada para justificar um relacionamento que é fundamentado no interesse. Posso ser careta, mas não entendo uma pessoa que namora outra e não tem o objetivo claro de ficar realmente com ela; sim, estou me referindo a casamento. E, sim, sei que os homens que chegaram até aqui fugiram da leitura do restante do texto... Mas é o que penso. Quando se está ao lado de uma pessoa, você tem que ao menos vislumbrar a sua vida ao lado dela, senão, vale de quê? Namoro por carência é uma piada. Você pode muito bem se deitar no sofá e ganhar cafuné da sua mãe. Pode comprar um cachorro e ser recebido todo dia por alguém que estava com saudade – caso você o alimente. E quanto a sexo... sejamos francos: do jeito que a coisa anda, não é difícil conseguir. Só não tente com sua mãe e seu cachorro.

O danado do meu vizinho provoca...
O texto está chegando ao fim, e como Cazuza fez um dia gostaria de dedicá-lo para aquelas “pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas, querendo sempre aquilo que não têm”. Talvez não seja uma boa conclusão, mas tenho que ir até a agropecuária mais próxima comprar adubo: a grama do vizinho me parece mais verde.

PS: Agora, com vocês, a homenagem de Cazuza...



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 25 de outubro de 2011.

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