terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Inversão de papéis

Homem: definitivamente, o sexo frágil
Está cada vez mais difícil ser homem nesse mundo feminista. As mulheres nos esqueceram. Agora só ligam para o trabalho, para as contas, para os próprios automóveis e suas balizas. Eu quero uma mulher que me dê flores. Eu quero alguém que abra a porta do carro para eu entrar. Eu quero alguém que não me deixe puxar a carteira do bolso e pague toda a conta do restaurante, as entradas nas festas, o chopp no bar. Eu quero alguém que esteja comigo porque me ama e não me trate apenas como uma máquina do sexo. Que ouça os meus problemas e apenas escute, sem achar que tem sempre a resposta certa para resolver tudo – se fosse assim fácil, você não teria problemas, queridinha. Eu quero alguém que esteja em casa para assistir o futebol comigo na quarta-feira, dia de sofá, e não junto de outras amigas para beber e assistir GNT. Definitivamente, eu quero uma mulher que me dê todos os direitos que ela e suas amigas detêm. Eu, e todo o restante do meu grupo. O sexo frágil. Nós, os homens heterossexuais.

Homens são sensíveis...
As mulheres lutaram para conquistar o seu espaço. Primeiro, aumentaram a cozinha. Depois, saíram de casa. Aí o bicho pegou... Diminuíram o tamanho da roupa de baixo. Tiraram quase toda a roupa de cima. Começaram a votar. Queimaram os próprios sutiãs em praça pública. Criaram o anticoncepcional e a pílula do dia seguinte. Tiraram nossas vagas no mercado de trabalho. Obtiveram segmentos especialmente voltados para elas no comércio automobilístico. Até futebol estão jogando! E olhe só que ultrajante: melhor do que nós – ou vai dizer que você não tiraria o seu camisa 9 para colocar a Marta no ataque do time?

Homens choram por qualquer coisa...
Nada mais justo do que o mundo tratar as mulheres do mesmo modo que trata a nós, homens. Só que alguma coisa ficou mal explicada nessa revolução... O fato é que a mulherada queria ter direitos iguais, conquistou, mas algumas se esqueceram de que deveria ser igual em todos os aspectos. Como é que é, suas feministazinhas revolucionárias? Não era pra ser igual? Então agora aguentem! Chega de ter o cartão de crédito pago. Chega de ser bancada pra tudo. Chega de receber flores no Dia da Mulher e não ter que dar presente algum no Dia do Homem – que você nem sabe quando é! Chega de pedir chocolate, mas não pagar a nossa cerveja. Chega de receber a ajuda de flanelinha para estacionar o carro. Chega!

Mulheres: más forever
Vocês conquistaram os nossos direitos, agora queremos os seus. Cadê o romantismo? Cadê os presentinhos e mimos? Cadê as cintas-ligas? Cadê a banheira cheia de pétalas de rosas e as duas taças de vinho para nos receber após o trabalho? Cadê?! Assim não dá... Se a situação não melhorar dentro em breve, vamos começar a forçar a barra: ou vocês também começam a preencher o nosso vazio existencial, ou em outubro já não tem mais voto. E sem choro, porque esse é um benefício que nós, homens, ainda não conquistamos.

Um apelo aos irmãos heterossexuais

Avante, homens!
Sei que somos um povo discriminado. Sei que estamos em extinção e que deveria haver uma lei ambiental para proteger a nossa espécie... Mas agora quero fazer um apelo a você, homem heterossexual, que resiste bravamente a este mundo predominantemente colorido: não se deixe enganar pelas mulheres que só querem ter direitos até certo ponto. Uma parte da mulherada – não o todo, nem a maior parte, mas uma boa parte – quer todos os direitos e espaços antigamente dominados por nós, homens, mas, na hora que convém ser o sexo frágil, faz beicinho e nos dobra direito. Trouxas que somos, caímos – nós é que somos frágeis!

Basta. Este é o momento. Não nos deixemos dominar por este exército de coxas grossas, seios firmes e bocas carnudas... Avante, homens! Revoltemo-nos contra esta categoria, por mais gostosa que seja! Esconda o cartão de crédito, cancele o pedido de flores e não volte a abrir portas de carro até que você obtenha os mesmos direitos... Força, irmãos! Se nos unirmos e ficarmos juntos, também podemos conquistar os nossos benefícios. Mas não muito juntos, claro, porque daí já é viadagem...

PS: Agora, com vocês, Chico Buarque...



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 7 de fevereiro de 2012.

2 comentários:

  1. Muito bom Renam! Parabéns pelo texto!
    Abração

    ResponderExcluir
  2. Otimo Renam!!!, mas desta vez vou deichar o maridao longe dessa tua imfluencia. heeehe

    ResponderExcluir