terça-feira, 17 de julho de 2012

O que não fazer na rede social

Por que algumas pessoas compartilham estes momentos?
As redes sociais – fenômeno da internet que nada têm a ver com os leitos balançantes para duas pessoas produzidos em larga escala na Bahia – são um caminho sem volta. Primeiro porque o ser humano, mesmo os exemplares mais escrotos da raça, como você e eu, precisa se relacionar com o próximo. Segundo porque a possibilidade de manter o próximo bem longe é agradabilíssima. Chega do martírio da conversa forçada sobre como vai o tempo na cidade: na internet não se pergunta isto. Chega daquele bom dia que sai coagido às 7h15min da madrugada: ninguém cumprimenta individualmente todos os contatos da rede pela manhã tão cedo – no máximo, uma mensagem em massa. Você sequer precisa se dar ao trabalho de comentar, emitir o seu ponto de vista, quando alguém lhe questiona o que quer que seja: basta curtir para não perder o afeto. Pronto, beleza. Mas o ponto crucial a que quero chegar hoje é: algumas coisas simplesmente não devem ser compartilhadas em redes sociais.

Como algumas fotos. Tudo bem que você foi para a praia no último fim de semana junto com a galera da faculdade, mas expor aquele amigo menos chegado ao ridículo de aparecer com a mão na cintura num momento de distração gay pode acabar com a reputação do garoto na internet. E o que dizer daqueles cliques dentro do banheiro, moças mandando beijinhos e rapazes mostrando peitinhos para o espelho? E o que falar, então, da garota que publica a 354ª fotografia de peito e/ou bunda e se ho-rro-ri-za com os comentários cre-ti-nos daqueles mo-le-ques?

Como algumas ideias. Tudo bem que um dia você pensou em por o gato dentro do forno microondas para ver no que é que dava – e sei de gente que já o fez –, mas divulgar uma ideia em rede social é o mesmo que colocá-la, de fato, em prática. Então cuidado. Algumas pessoas ficam chocadas ao saber o que se passa pelo seu raciocínio. Pense duas vezes antes de dizer que entende os motivos de Hitler, que chegou tarde para a Ku Klux Klan ou que comeria a Wanessa Camargo. E o bebê.

Como alguns comentários. Abelardo Barbosa já dizia: “quem não se comunica, se trumbica”. Mas tem gente que tropeça mesmo é quando abre a boca, benza Deus... E no quesito cambalear no teclado, sem tentar fazer guerra dos sexos, a mulherada lidera com folga. Os assuntos de uma parte – relativamente pequena, mas absurdamente irritante – das mulheres, basicamente, são: “as periguetes que me invejam”, “os homens que estão aos nossos pés, meninas”, “cadê o meu namorado, Santo Antônio?”, “estou solteira por opção”, “só uma dica para você, pirinha”, “só uma dica para você, cafajeste” e “eu quero tchuuuuuuu...”.

Como algumas atividades. Ninguém precisa saber que você vai ao ginecologista. Nem que “desceu”. Ninguém precisa saber que você finalmente vai fazer o exame de toque. Ou que quem vai é o seu pai, coitado. Para que comentar a sua ida ao banho? Para que mencionar a sua prisão de ventre? Para que citar o seu joanete?! Posso estar ficando ranzinza para a internet, mas é demais para mim. Preciso confessar, às vezes até sinto falta daquele bom dia coagido às 7h15min da madrugada...

PS: Agora, com vocês, uma canção pioneira sobre as redes sociais:



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 17 de julho de 2012.

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