terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então é Natal...

É Natal: sinta esta alegria
O Natal está chegando. É tempo de amor, de confraternização, de carnês de loja amontoados na carteira e da maldita Simone cantando as mesmas músicas desde 1995. Até as pessoas que pregam aquela velha máxima de que Natal não é apenas data comercial querem presentes, e o seu décimo terceiro salário – aquele plus no orçamento que te dá a ligeira sensação de riqueza – geralmente é comprometido pelas lembrancinhas de fim de ano e pelo safado do Chester.

Os dias que antecedem o 25 de dezembro são recheados de atividades, a começar pela montagem da árvore de Natal e decoração da residência. Algumas pessoas levam isto muito a sério. Meu pai, por exemplo. Ele coloca pisca-pisca até na arara vermelha de madeira que temos. É verdade. Em um Natal passado, Itaipu teve que aumentar a geração de energia em 15% para dar conta de acender as luzes da minha casa. A iluminação pública da rua onde moro não foi necessária naquele dezembro.

Amei o presente, colega...
Outra atividade de Natal é amigo secreto. Quem é que inventou o bendito amigo secreto? Você geralmente dá o presente de R$ 20 mais legal do mundo e recebe de volta uma cueca bege. É nitidamente uma recomendação camuflada para não se ter filhos no próximo ano. Isto, sem contar, o vexame que é a revelação quando algum engraçadinho te pegou – sem trocadilhos. Geralmente você é levado ao fundo do poço pelo “secreto”, porque de amigo ele não tem é nada. “O meu amigo secreto, ou amiga, não vale um tostão. É um caloteiro. É gente boa, mas é meio boca aberta. Sem contar que é corno. Apesar dos pesares eu gosto do aspa torta, mesmo com o que falam, e...”. Pior que isto, só se todos já descobrirem que é você.

O Natal vai se aproximando e se aceleram as compras. As lojas te tiram para otário, preste atenção nas ofertas. As prestações não têm juros, mas os pagamentos a vista têm 10% de desconto (?). Sem contar aquelas vendedoras que não te deixam respirar; você só gostaria de olhar a vitrine em paz e a atendente corre para perguntar o que você quer, com a tabela de metas pessoais em baixo do braço. Você pensa: “Quero que você saia, cretina”, mas diz: “Só estou dando uma olhadinha...”. Algumas fecham a cara e dão meia volta. Outras dizem que – enfim – você pode ficar à vontade.

Tio Noel: sempre animando a família
Na véspera e no dia de Natal, grande parte das famílias tem por costume se reunir. É sempre uma boa oportunidade para as pessoas encontrarem os parentes que nunca dão as caras e um ou outro primo infernal que era melhor não ter aparecido. Algum tio embriagado se veste de Papai Noel e distribui os presentes, enquanto quatro mulheres decidem, na frente do forno, se o peru está, ou não, no ponto. As crianças estão apavoradas com aquele tio vestido de vermelho com uma almofada na barriga, que agora grita “Ho Ho Hic Ho” – ele está bêbado –, e a única certeza que ficará do Natal é de que o Bom Velhinho é alcoólatra.

Depois do 25 de dezembro as lojas viram zonas: é que começa o troca-troca. É hora de devolver aquela camiseta baby look que não caberia nem no seu pinscher e pegar algo que realmente valha a pena – ou que pelo menos sirva. As atendentes, que ainda estão com dores nas pernas e calos nas línguas, te atendem sem a menor vontade. É que elas não bateram aquelas metas pessoais e em janeiro já tem torra-torra. Moral da história: quem sai torrada é a sua paciência.

Falando assim até parece que não gosto de Natal. Eu amo o Natal. Só acho uma pena a maioria das pessoas não se importar com o que realmente importa: o importante. Deveríamos estar mais preocupados em nos reunir à mesa, agradecer pela comida e celebrar tudo o que a vida nos trouxe no ano que está quase acabando. Não precisa ter qualquer fru-fru... Só os entes queridos reunidos para comemorar o nascimento de Cristo e a morte de Chester. Natal é isto. Mas, é como disse no começo: eu também quero presente.

PS: Agora, com vocês... Simone!!!



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 20 de dezembro de 2011.

8 comentários:

  1. hahahahahah o final foi sensacional!!
    Um comentário sobre as lojas: ficar à vontade nunca. Elas ficam te olhando, bufando no teu pescoço até tu decidir se quer levar alguma coisa ou vai embora pra liberar a atendente pra alguém que QUEIRA COMPRAR.
    Ô tristeza.

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    1. Com isso não me importo, Lorraine... adoro uma baforada no cangote. kkkkkk!

      Beijos!

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  2. Amei o texto. É bem verdade tudo isso!

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    1. Que bom que gostou, Anônimo! Espero que volte... Abraços!

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  3. ahuauiha até a pobre arara vermelha? mãe de Deus! haha adorei Nam =*

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    1. Até na arara vermelha, Natty... meu pai só não coloca pisca-pisca em mamãe e eu porque corremos mais rápido. ;D

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  4. Natal é uma epoca de loucos, onde colocam as lampadas para o lado de fora da casa e as arvores para o lado de dentro.. Vai entender!!

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    1. Melhor não discordar, eu não tentaria dialogar com um velho barbudo todo vestido de vermelho... ;D

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