terça-feira, 4 de setembro de 2012

Um estranho no ninho

Gay sensualizando pra geral: cena cada vez mais comum
Ultimamente me parece que o mundo está ao contrário e ninguém reparou – para ser bem original. É como se tudo estivesse exatamente idêntico, só que do avesso. A começar pelas mulheres reivindicando os mesmos direitos dos homens. O.k., até aí nada de novo; a novidade é o oposto. Pois, sim, o vulgo sexo forte tem exigido alguns benefícios antes restritos ao frágil. Até na cama: nunca tantos exemplares masculinos quiseram abocanhar – sugiro evitar reflexões figurativas – os companheiros anatomicamente desenvolvidos para elas. E – Jesus, Maria, José! – vice-versa.

Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. A conversa envereda para o sexo porque, afinal de contas, viemos para este planeta com uma tarefa pré-definida bem básica: crescei e multiplicai-vos. O problema é que este mundo nunca foi tão gay, colocando em risco o futuro da espécie. Reconheço que já conseguiram engravidar o Arnold Schwarzenegger uma vez, mas cassaram o registro médico do doutor Danny DeVito na mesma época em que foi condenado o doutor Albieri. Informações de coxia dão conta de que a Igreja Católica embasou o contraponto: não houve aprovação para a gravidez masculina, os clones humanos e as camisinhas de Vênus.

Às vezes pode até passar despercebido, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente... Se lembra quando a gente era criança e havia dois grupos bem definidos? De um lado, ficavam os meninos; correndo atrás de bolas, soltando gases, fedendo, de modo geral. Do outro, estavam as meninas; algumas mais molecas, outras mais rosas na essência, frescas, num resumo. Simplesmente nos odiávamos. E é então que entra a ação do influente tempo, aumentando bíceps e arredondando quadris, num esforço para a aproximação. E passamos a nos dar. E algumas se dão bastante.

Em algum momento no meio disso – entenda como quiser – há um descompasso na orientação da natureza. Pinta uma dúvida e o garoto não resiste à pintada: decide que o que lhe provoca desejo realmente é a turma do mesmo vestiário. Confesso que entendo mais facilmente a atração que uma mulher sente por outra, afinal são elas que também me atraem; mas, em contrapartida, sexualmente falando, acho mais autoexplicativa a relação entre dois homens. Ainda que seja leigo, é bom que se diga.

Faça o que tu queres, há de ser tudo da lei! Só aumenta a quantidade de amigos meus que são ou viram gays – e não vejo qualquer problema nisto. Talvez vivamos a liberação sexual mais intensa de todos os tempos. Começou nos anos 70, mas naquela época os liberais ainda eram caretas ao ponto de preferirem o sexo oposto – ah, clichê... O moderno agora é investir no mesmo. E ai de quem achar estranho! O presente já não faz sentido e o futuro nunca foi tão incerto. Só sei que me sinto cada vez mais antiquado. Amém.

PS: Agora, com vocês, uma homenagem! :D



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 4 de setembro de 2012.

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