terça-feira, 24 de abril de 2012

Um ano a mais ou a menos?

Eu nasci em 29 de abril, Dia Mundial das Associações Cristãs Femininas. Você pode até não ter se dado conta, mas sabe o que isso representa em minha personalidade? Nada, absolutamente nada. Mas ainda assim é o dia do meu aniversário.

Estou a uma semana de completar mais 365 dias – escrevo a coluna aos domingos – e me pergunto: tenho um ano a mais ou um ano a menos? Não soube me responder. É fato que tenho mais tempo de vida, mais conhecimento, mais contas e credores. Em contrapartida me restam menos anos, menos prazo para realizar sonhos antigos, menos cabelos. Pode parecer um questionamento precoce, afinal completo 23 anos no próximo fim de semana. Mas a expectativa de vida no Brasil é de 73,5 anos, ou seja: na metade do próximo ano terei completado, tendo por base esta perspectiva, um terço da minha jornada. E sabe o que fiz até aqui? Praticamente coisa nenhuma. Apenas sai das fraldas.

O.k., o.k.: terminei a escola, me formei numa faculdade, juntei um punhado de bons amigos ao longo dessa vida e convenci uma linda descendente de italianos que sabe fazer tortellini a namorar comigo, então não posso reclamar da esfera pessoal. Aliás, com os quilos que ganhei durante a faculdade, eu mesmo virei uma esfera, pessoal. Mas estou trabalhando na silhueta.

No campo profissional também tive minhas conquistas. Comecei como empacotador de balas. Sei que é difícil imaginar um gordinho respeitando o estoque, mas levo trabalho a sério. Em seguida virei auxiliar-faz-tudo numa empresa que instalava placas e adesivos, função pouco recomendada a alguém que tenha medo de altura – sim, tenho pavor. Lembro-me que foram tempos difíceis, nos quais me reencontrei com Deus: era subir no andaime para a reza começar. Fiquei neste emprego poucos meses, já que logo depois me tornei empacotador de supermercado! Já na faculdade virei repórter, e regredi na vida...

Não sou do tipo pessimista. Sei que ainda tenho mais de dois terços de vida pela frente – e são, claro, os mais importantes. As perspectivas são muitas. Até porque odeio aquele papo de “estou velho demais para isto”. Algumas pessoas cismam em deixar os anos passar inertes; sempre há alguma boa (?) desculpa para não recomeçar, não voltar a estudar, não arrumar os dentes. Acabo de ver a seguinte manchete num site: “Emerson Fittipaldi, 65 anos, mostra talento ao estrear no wakeboard”. O Emerson Fittipaldi, minha gente, poderia estar sentado na cadeira de balanço fazendo tricô ou jogando bingo... E talvez você até devesse, Emerson. Mas esta é a prova de que nunca se é velho demais para começar qualquer coisa que seja.

Minha preocupação, caso ainda não tenha ficado claro, é a seguinte: fiz muitas coisas até aqui, mas nada que deva ficar para a posteridade. Dizem que ao longo da vida devemos plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Um terço de existência praticamente completado, até o momento só cultivei no fundo de casa um pé de mamona, que já foi derrubado; criei um blog e arduamente trabalhei, com suor e látex, para ter filho algum. Analisando agora, parece que luto para não ser lembrado. Mas espero ser, ao menos pelos meus. Se serei, ainda não sei, mas já estou sem linhas e preciso encerrar os devaneios. E hoje quero acabar diferente: prefiro construir meus textos sozinho, mas é meu aniversário e vou me presentear com uma frase do Carlos Castelo, genial, que li nesse domingo. “O futuro a Deus pertence. E o passado, adeus”.

PS: Agora, com vocês, John Mayer...



Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 24 de abril de 2012.

2 comentários:

  1. Meu Amado felicidades..... Sempre !!
    Nao te preocupe voce ja fez tudo o que se esperava ate agora, prendeu a andar, falar, ler, escrever, respeitar os amiguinhos. Evoluiu tanto que descobriu que pra ter as coisas e preciso trabalhar e aceitou isso muito bem, como bonus ainda nos presentei com estes admiraveis devaneios. Pra voce pode nao ter sido nada ou pode ter sido pouco, mais nao se esqueca pra mim voce e muito esperto, inteligente e o melhor de tudo bem humorado que e o que ira garantir uma velhice animadinha..... te amuuuuuu


    O CUTA BAGULHINHO LA MA RUA,,.,.,.,.,.


    Beijos Silvinha

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  2. Sempre arrasando nos textos! Felicidades Rê!!

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