Eu sempre quis ter um pinto. Desde pequeno, queria ter um pinto. Não me entendam mal, mas pra mim o bicho é engraçadinho. Acho até que foi influência da Edna. Edna era uma moça que trabalhava na faxina lá em casa e chocava ovos de galinha no sovaco, uma graciosidade. Lembro-me que ela tinha porte pequeno, fumava e ostentava várias tatuagens pelo corpo. Enfim, o padrão que se procura numa empregada.
A Edna, essa que chocava ovos de galinha no sovaco, morava perto da minha casa, nos fundos do terreno de uma vizinha que tinha um macaco. Você agora pode estar pensando que fui criado em meio a uma tribo massai no Quênia. Não. Este cenário tão absurdo quanto real é a boa e velha Araranguá dos anos 90. Não me recordo com clareza daquele macaco da vizinha, mas ainda sei que o adorava. Pelo que me recordo, o primata teve que ir embora. Houve algum problema com outros vizinhos, uns bananas.
Cresci com animais em casa. Não, não estou falando de meus pais – até porque a adolescência já passou... Lá em casa já tivemos cachorro, gato, peixe e um papagaio criativamente chamado de Louro, um bichinho bacana criado livremente, mas com um vício terrível em tele-sexo. O.k., a parte do tele-sexo é mentira.
Meu pai e eu sempre adoramos animais, especialmente cachorros vira-latas, mas minha mãe nunca foi muito fã. A verdade é que ela não teve experiências boas com os cães que passaram lá por casa, apesar de todos terem sido muito prestativos: recolhiam as roupas do varal, informavam com as unhas que as portas estavam fechadas, defecavam na casa para não sujar o pátio. Até hoje nos perguntamos por que não deu certo.
A minha sogra tem uma cadela muito simpática, a Bilu. A Bilu é uma mistura clássica de Street Dog com Jaguara, coisa mais linda. É a guardiã da casa, desde que não haja fogos de artifício ou chuva, trovões e relâmpagos: nestes casos, é a primeira a abandonar o barco. Encurtando conversa, é uma cagona.
Além da Bilu, minha sogra agora deu pra andar pra cima e pra baixo com uma galinha. A danada já tem até nome: Matilda. Penso eu que a galinha da minha sogra – sem trocadilhos com a família, por favor – é um ser raro da espécie: nunca vi bicha tão feia de magra. Atualmente há uma grande polêmica na casa, pra saber se a Matilda vai ou não parar na panela. A votação continua e a chocadeira já está no paredão: é que montaram um galinheiro pra sem carne ao lado do muro.
O fato é que um animal sempre movimenta o lar e é preciso estar preparado para recebê-lo. A Matilta, por exemplo, tem feito todos acordar às cinco horas da matina por conta do cacarejo. Não que o canto seja muito alto, mas ninguém consegue dormir com a minha sogra caminhando pela casa: é que ela vai até a galinha fazer “shhhhhhhh”. E a Matilda obedece, garante. Viu o trabalho? Pois é. E nem todo mundo tem a consciência, ao comprar um animal, de que aquele bichinho vai precisar de atenção – e que, ao contrário de Jesus Cristo e dos não menos gloriosos Tamagotchi, eles não ressuscitam após os maus tratos.
Aliás, você já parou pra pensar no termo “animal de estimação”? Animal de estimação é todo e qualquer bichinho pelo qual você tenha algum apreço. Não basta apenas ter o animal: é preciso cuidar da criatura. Tem gente com bicho em casa que não tem a mínima estimação pelo infeliz. É o tipo de pessoa no qual – penso eu – não se pode confiar. Lembra da Edna, a empregada do começo da conversa? Ela podia ser meio estabanada, não ter uma aparência exatamente boa, ser aquela mulher que você não colocaria pra limpar a casa pelo estúpido estereótipo que procuramos em todo mundo. Mas a Edna cuidava de seus pintos com estima. E de mim com afeto. Era o que bastava. E você, que é “normal”, o que faria pela vida de um pinto? Responda a si mesmo.
PS: Agora, com vocês... Gugu Liberato!
Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 27 de março de 2012.
terça-feira, 27 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
Vinte e dois homens atrás de uma bola
Garotada no futebol: desde sempre |
Os homens já nascem pré-dispostos a gostar de futebol. Minha mãe conta que eu fazia até embaixadinhas no ventre dela, coisa mais linda... E quando o menino nasce, quais os presentes mais comuns? Roupinhas de time. Meu afilhado recém-nascido, coitado, já ganhou vestimentas de Grêmio, Santos e São Paulo – por enquanto. O menino anda tão indeciso que, penso eu, vai acabar torcendo só pra seleção brasileira. Na Copa. Em jogo de final.
Quando o garotinho cresce, que presente ganha? Uma bola. É pra cima e pra baixo com a gorducha no pé, incomodando todos os tios e primos mais velhos para jogar uma travezinha livre que seja, um mano a mano, um bobinho qualquer. E as meninas, onde estão? No quarto, brincando de casinha, num mundo perfeito onde o Ken não sai pra bater pelada na sexta-feira à noite com a turma deixando a Barbie sozinha. Doce ilusão.
As mulheres crescem e o futebol continua sem sentido. Aos dezessete elas estão lá no recreio da escola, devidamente perfumadas e vestidas em suas calças colantes, e a molecada, vai pra onde? Pra quadra de futebol. Retornam às paqueras suados, vermelhos do sol, de raiva pelo sinal que bateu cedo demais. Bobos porque ganharam, tolos porque perderam. Por que existes, maldito futebol?
A essa altura a mulher já não suporta ouvir falar da bola. Está cansada de ver vinte e dois correndo na TV quarta-feira à noite, sábado e domingo à tarde. Vai questionar por que existe impedimento, vai se irritar com o zero a zero chato, vai odiar a reportagem com os melhores momentos do jogo – aquele que terminou em zero a zero e acabou de passar.
Gostamos de futebol e ponto. Não confie num homem que não goste – bom sujeito não é. Mas não se trata de uma competição com vocês, suas lindas. E não se esqueçam que também toleramos a novela, sem ao menos questionar porque vocês fazem tanta questão de ver o capítulo depois de saber exatamente o que vai acontecer com o Pereirão lendo o resumo no jornal. Então tenhamos calma. Até porque nós somos seus todos os dias. A menos que tenha jogo.
PS: Agora, com vocês, Skank...
Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 20 de março de 2012.
terça-feira, 6 de março de 2012
Mulheres, suas lindas!
Homens: aos pés delas desde sempre! |
Dizem que o nosso Senhor meu Deus fez a mulherada a partir da costela do homem, mas a Angelina Jolie deve ter saído mesmo é da picanha. No mais, explica muita coisa terem vindo da costela as nossas queridas companheiras – isso no caso de você também ser um destes caretas
Esqueci o que ia escrever aqui |
Ainda falando sobre a criação divina, esta tese sempre gera discussões. As mulheres vivem nos chamando de rascunho, pelo fato de termos sido criados antes das “obras-primas do Senhor”. Tolice, até porque elas sequer saíram de uma carne considerada nobre. Mas sem brigas. Para ser
TPM: tendência para matar |
A verdade é que se Deus criou algo melhor do que a mulher guardou para Ele. Eu ainda acredito piamente que exista alguma versão de testes sem TPM guardada lá pelas bandas do paraíso, mas infelizmente não há comprovação científica para tal tese. Não que a tensão pré-menstrual seja algo que irrite apenas os homens, óbvio. É pior: a TPM é a verdadeira causadora de todo o mal existente no mundo. Quantas vidas humanas, quantas roupas jogadas pela janela, quantas casas incendiadas não poderiam ter sido preservadas caso a TPM não existisse? Jamais saberemos.
Dilma: Limpa a PORRA do pé, Palocci... |
Cravo bom de espremer: coisa de mulher |
PS: Agora, com vocês, Neguinho da Beija-Flor...
Mulher, mulher, mulher,
mulher, mulher,
mulher, mulher.
mulher, mulher,
mulher, mulher.
Texto publicado na coluna “Devaneios” do jornal Sem Censura em 6 de março de 2012.
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